Assumir o cabelo natural é mais do que atitude

Diante de tanta chapinha, secador e alisamento definitivo, assumir o cabelo natural não é uma atitude fácil. É como nadar contra a corrente: é preciso coragem, determinação e resistência. Em um mundo de padrões, quem foge à regra se destaca. E, como todo destaque, sempre há críticas. Opiniões não faltam, mesmo que, incrivelmente, essas sejam sobre o SEU cabelo. Assumi-lo assim, do que jeito que ele é, é muito mais do que uma opção, é a afirmação da própria identidade.

Por muito tempo, quis alisar o cabelo de vez. Dava muito trabalho mantê-lo natural. Além disso, a pressão era grande. Na escola, todas loiras, lindas e lisas. Um fio saltitante no cabelo era motivo para crises absurdas de desespero. Eu era diferente. E na adolescência, ser diferente não é lá muito agradável. No entanto, graças ao tempo e à minha mãe, que nunca deixou que eu alisasse, hoje eu amo meu cabelo, assim como ele é. Adoro ser diferente, pois é a melhor maneira de prezar pela minha originalidade. Portanto, essa sou eu: uma cacheada, sardenta e original.

Porém, nem tudo são flores. Há momentos que é impossível não desanimar. O desejo de assumir os cachos é praticamente uma briga interna com a autoestima. Tem dias que o cabelo não amanhece lá aquelas coisas. Os cachos estão mais para uma bagunça incontrolável. Frizz é o que não falta. Quando chove então, haja paciência. Ou melhor, haja coque e rabo de cavalo para tanto fio que não ajeita. Aliás, haja grana para tanto creme, gelatinas, mousses e afins.

Não seria mais fácil mantê-lo liso, então? Sim, talvez seria. Mas, ao me ver no espelho, não seria nada fácil aceitar que aquela não é uma reprodução fiel de mim mesma. Sou assim meio bagunçada mesmo. Um dia frizz, um dia cacho definido. Assim como a vida, que de perfeição e plasticidade não tem nada. Assumir o cabelo natural é aceitar as suas imperfeições e as dos outros. É entender que, mesmo em dias de bad hair day, você continua linda. E, principalmente, aceitar que a graça da vida está justamente nas imperfeições e inconstâncias dela.

Por isso, o jeito do seu cabelo nada mais é que uma grande metáfora sobre o modo com que você direciona sua vida. Por vezes, é preciso que tudo esteja meio bagunçado mesmo. Em outras, há uma definição maior dos seus fios, bem como de tudo que você se sente. O importante é que ele esteja do jeito que você quiser: liso, cacheado, natural ou com química. Ele é seu, assim como a vida é sua. Apenas lembre-se que, estar sempre escovada, alisada e maquiada, só mostra ao mundo o seu “eu” artificial e perfeito. É o momento de começar a mostrar e, sobretudo, a gostar da outra parte, não tão perfeita quanto parece. Talvez a graça esteja aí.

Afinal, são nas irregularidades que os cachos e as ondulações do seu cabelo se formam. E são nelas, que você descobre o real poder da sua verdadeira identidade. É hora de se assumir de vez, menina.

Por menos pessoas de plástico e mais liberdade. Leia aqui.

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4 Comentários

  1. Lili says

    Olha menina vamos “se abraçar”rsrsr, você tem toda razão o “eu” artificial e perfeito já estamos saturados de ver.
    Adoro seus textos.

    Beijos.

  2. Bi says

    Apx pelo blog, quanta sutileza, quanta verdade. Amei, ameei!

    1. Isabela Nicastro says

      Biii, que bom que vc gostou!
      Fico muito feliz! Já curtiu a fanpage do blog?
      Curta e continue acompanhando os textinhos novos!
      beijo grande <3

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