O teu perdido ajudou a me encontrar

Faltava menos de uma hora para o horário que tínhamos combinado. Eu estava ansiosa pelo reencontro, tentando identificar o que sentiria ao te ver, depois de tanto tempo. De repente, recebo a notificação de uma nova mensagem. E não, não era uma sugestão sobre o lugar em que iríamos, como eu imaginava. Era mais uma de suas desculpas. Você, que tanto reclamava dos nossos desencontros, acabava de provocar mais um.

No fundo, eu já esperava. Eu já sabia que nada havia mudado, mas, ainda assim, insistia em identificar qualquer sinal de mudança. As pessoas evoluem e, com certeza, merecem uma segunda chance. No entanto, nada muda quando não existe vontade. Sobretudo, não se muda estrutura psíquica, como diz um amigo. Por mais que as atitudes evoluam, a essência continua. A base que se tem quando criança é a mesma. É claro que é possível mudá-la, mas lá se vão muitas sessões de análise e muito esforço para que isso realmente aconteça.

A sua estrutura ficou muito clara no “perdido” que havia me dado. Foi através dele que eu compreendi que tanto faz mudar ou não. Você é imaturo demais para lidar com os problemas e, diante deles, estabelecer prioridades. O perdido que você me deu bastou para mostrar o quão perdido você está. Infelizmente, você não consegue assumir os seus sentimentos e escolhas e essa, definitivamente, não é uma função minha ou de qualquer outra pessoa.

Não duvido que o seu “bolo” tenha sido parte do joguinho que adora fazer. Mas, olha só, agora não cola mais. Eu não estou afim de jogar. Nunca estive, mas antes eu cedia por medo de perder. Talvez você espere que eu continue cedendo, continue disponível para quando decidir aparecer. Sinto lhe dizer, mas, dessa vez, não vai acontecer. Acabou o que nem deveria ter recomeçado. Saiba que, quando a gente enxerga a luz, é muito difícil ficar na escuridão. E, a partir de agora, eu prefiro caminhos claros e muito bem iluminados.

O “bolo” que você me deu serviu para eu me lambuzar de amor próprio e sabedoria. O “perdido” veio para que eu pudesse realmente me encontrar. Engraçado, não? Eu precisei da sua inconstância para reconhecer o quanto eu sou constante. O quanto eu sou madura pra entender o que sinto e o que quero para a minha vida. Não aceito mais os seus perdidos, pois já não há mais nada a se procurar aqui. Definitivamente, não preciso mais dos seus bolos. Eu já aproveitei tudo que podia deles.

De bolo, agora só o maravilhoso, de chocolate com casquinha dura, que apenas a minha irmã sabe fazer.

Há uma luz no “chá de sumiço”. Leia aqui.

 

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