Não me responda, antes de responder a você

Eu não te respondi tudo o que eu queria naquele email. Não mesmo. Na realidade, eu queria que você me dissesse que largaria tudo aí. Que você viria me encontrar, depois de tanto tempo. Ou que eu pudesse ir. De alma e coração limpos, em direção à cidade que marcou a nossa história. Eu queria voltar. No tempo, para à cidade, para as nossas conversas. Eu queria criar outra realidade, bem diferente da nossa.

Infelizmente, na época, eu tive que seguir a minha razão. Deixei que ela decidisse o rumo das coisas. Se eu desse atenção ao meu coração, ele me levaria em direção ao abismo, à dor, ao sofrimento. Eu não pude ouvir o coração, pois não queria ter metades de você. Não queria ter que falar em momentos específicos e combinados. Queria te mandar mensagem de madrugada, enquanto ouvia Something, dos Beatles. Queria ficar horas olhando o mar com você do lado. Queria que você me emprestasse a sua blusa para me aquecer, como daquela vez. Queria ter ido além das nossas conversas.

Meu sentimento é intenso demais e, por vezes, não cabe em mim. Eu preciso escancará-lo, não só em uma troca de e-mails, mas para quem quiser ouvir. Eu não posso sentir na clandestinidade. Não aguentaria esconder a intensidade desse sentimento. E por não poder, naquele momento, eu deixei ele escondidinho até para mim mesma. Insisti na nossa amizade e nada além disso. Insisti na razão e tapei os meus ouvidos diante dos gritos do coração.

Só que uma hora os ouvidos não aguentaram mais a pressão. A razão sucumbiu ao coração. Depois de tanto tempo, mesmo após outros caras ocuparem esse espaço depois de você. Eles ocuparam, mas não fizeram morada. Não resistiram diante da minha intensidade e sensibilidade. Foram covardes para assumirem os sentimentos e jogarem limpo comigo. O nosso sentimento, mesmo que platônico, sempre foi limpo. Sincero, genuíno, ingênuo. Talvez por isso ele tenha resistido. Ele resistiu primeiro na nossa cabeça, nos nossos corações, para então, resistir na prática.

É preciso coragem para assumir o que se sente. Mais do que isso, é preciso coragem para ir atrás do que se sente. Eu fui atrás. Disposta a arriscar e dar ouvidos ao meu coração, mesmo que ele esteja seriamente enganado. Mesmo que você não tivesse me respondido como respondeu, tão maravilhosamente. Mesmo que não tenha necessidade de revirar o que já está definido. Mas, a vida o que é, senão uma constante reviravolta?

Pois bem, estou aqui para me revirar. Para te revirar. Sem pressioná-lo. A intenção é apenas provocar ações, mesmo que essas não sejam as que eu gostaria. Quero sentir a sua coragem. Não para o meu benefício, mas para o seu. Que a gente se liberte dos nossos pensamentos e que ele nos leve além. Que a gente não azede em filosofias inertes, como você me disse uma vez. Eu já decidi o que eu quero, mesmo que seja talvez o maior risco da minha vida. E é.

ps: Só me responda quando já tiver respondido a si mesmo.

Da minha alma, para a sua. Leia aqui.

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5 Comentários

  1. valter spadao says

    está de parabéns uma verdade perola que você escreve está muito bem escrito você nasceu para escrever coisas bonita que toca a alma la fundo

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