Sua autoproteção te sabota

Fica difícil de entender, sabe. As pessoas têm tanto medo de se machucar que se fecham em casulos inatingíveis. Tentam se proteger a todo custo e acreditam que, para isso, a razão precisa estar no controle. Quando o sentimento começa a tomar posse, é sinal de ameaça. É preciso bloqueá-lo, como um intruso que insiste em invadir o espaço. Protegem-se tanto que acabam desprotegidos.

Incoerente, não? Na tentativa de se proteger do sofrimento futuro, acabam sofrendo por antecipação. Ao mesmo tempo em que estão carentes e ansiosos por carinho e proteção, repelem qualquer sinal de envolvimento e entrega.  Evitam o sentimento, quando, na verdade, precisam dele.  Não querem sofrer, mas, inevitavelmente, acabam sofrendo diante de tamanha repressão de desejos.

Quando não há envolvimento de ambas as partes, não há relacionamento. Por outro lado, quando há envolvimento, mas não há desejo para que ele se manifeste, também não tem como dar certo. Mais do que estar envolvido, é preciso permitir-se estar. Deixar que, em determinados momentos, o sentimento guie o processo. E o controle, apesar de essencial, não tem o poder de bloquear o que você sente. Mais do que isso, ele não tem o poder de evitar possíveis sofrimentos.

Viver se protegendo o tempo todo é não viver. É prever o caos que, por vezes, pode nem acontecer. É evitar bons momentos, na espera dos piores. É envelhecer, prevenindo o que te traz felicidade. Por vezes, o intruso é apenas um vizinho querendo lhe oferecer um pedaço de bolo quentinho. É alguém batendo na porta do seu coração, oferecendo amor, carinho e entrega. Deixe-o entrar.

Sentimento não pede licença, não chega de fininho. Quando se vê, já há envolvimento, preocupação e cuidado. E o que é bom, não deve se tornar um peso. Claro que há riscos em se envolver, no entanto, há muito mais benefícios em se deixar levar. Apesar do clichê, viver ainda continua sendo a prática constante de correr riscos. Arrisque-se.

Melhor errar amando, certo? Leia aqui.

 

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2 Comentários

  1. Wanderson says

    Muito boa essa sua reflexão! De fato, vivemos em um tempo onde as pessoas estão cada vez mais prisioneiras dos seus medos e preconceitos, perdendo a capacidade de se relacionar amorosamente e principalmente de se entregar a uma relação.

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