Quem dera a vida tivesse rodinhas

Quando eu tinha uns 11 anos, meu pai chegou em casa com a ideia de tirarmos as rodinhas da bicicleta. Afinal, eu e minha irmã já estávamos grandinhas para precisar delas. Só que a ideia não me agradou muito. Era tão bom andar daquele jeito, com aquela segurança. No entanto, a vontade de meu pai para que tentasse não me fez hesitar.

Tentei uma vez, cai. Tentei a segunda, cai de novo. Por fim, na terceira tentativa consegui andar alguns metros sem as rodinhas, até que me desequilibrei novamente. Felizmente, com o passar dos dias, os tombos foram diminuindo, a apreensão da minha mãe deu lugar à tranquilidade e a minha insegurança deixou de existir.

Passados alguns anos, o medo não depende mais das rodas. É preciso encarar a primeira vez de várias situações, muitas vezes sem um apoio e independente do encorajamento dos meus pais. Na última semana, comecei um trabalho novo. Diante de tantas mudanças, é impossível não temer. Muda a rotina, o caminho para o trabalho, a mesa, o ambiente e os colegas.

Definitivamente, você abandona a zona de conforto para lidar com novos desafios. E olha, não é nada fácil. Seja um novo emprego, um novo romance, um novo problema. O novo nos assusta e, ao mesmo tempo, nos faz evoluir. Dói sair da zona de conforto. Mais do que isso, dá um desespero ter que enfrentar as quedas, porque é fato que, em algum momento, elas virão.

E quem dera elas sejam tão simples como os tombos da bicicleta sem rodinhas. Elas não nos criam hematomas, mas nos fazem sangrar na alma. E por medo delas, recuamos. Desistimos de encarar, sofremos por antecipação. Mas aí, nessa hora, existe um pai para te encorajar, amigos maravilhosos para te apoiar e uma força interna que você nem ao menos conhecia.

É preciso coragem. Aquela mesma que pude sentir ao encarar a bicicleta sem rodinhas. A vida não possui aparatos de apoio. Por isso, dê um jeito de criar o seu.

Ninguém disse que seria fácil. Leia aqui.

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6 Comentários

  1. André Roberto says

    Esses textos são muito bons! Me identifico bastante com as situações ilustradas …e por isso sempre compartilho. Parabéns pra autora😘

    1. Isabela Nicastro says

      Obrigada querido André!
      Fico muito feliz que você se identifique!
      Continue sempre por aqui.
      Beijo grande <3

  2. Carolina says

    Precisava ler isso hoje, acordei apavorada com o novo, morrendo de medo de acontecer tudo de novo, mas a analogia com a simples bicicleta me clareou um pouco a mente. Afinal, como aprender a andar de bicicleta se não tirarmos as rodinhas? Como amar se não nos deixarmos ser amada? Obrigada mais uma vez <3 Você ahaza !!

    1. Isabela Nicastro says

      Ahhh que coisa linda ler isso!
      Fico feliz que o texto tenha te ajudado de alguma forma, Carol!
      Continue sempre por aqui, viu?
      Um beijo grande e força para aguentar a vida sem rodinhas 😀

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