Em um relacionamento sério com o inconsciente

Quem vos fala conhece bem o que é uma terapia.

A saga começou cedo, aos três anos de idade. O motivo: uma criança que só chorava. Diziam que eu abria a boca e não fechava mais. Vinha mãe, pai, tia, vizinho. Alguns teorizavam que seria ciúmes da irmã, outros aconselhavam minha mãe a buscar ajuda espiritual, já que canções de ninar não davam conta de me acalmar.

Enfim, depois disso, vieram outras visitas aos psicólogos. Por outros motivos. Por vezes, sem motivo algum. Eu tinha essa necessidade. Continuo tendo, até hoje. No entanto, na busca pelo profissional que me passasse confiança e credibilidade, passei por altas aventuras.

Aos 13 anos, havia participado de um churrasco da minha turma e, pela primeira vez, bebi alguns drinks. Após comentar o episódio com o terapeuta, o lindo simplesmente abriu a Bíblia na minha frente para citar um trecho que condena o álcool e festinhas como a que eu havia ido. Surreal. Custei a acreditar no que via. Nada contra a combinação de religião e princípios. Porém, querido, se eu buscasse a solução na Bíblia teria ido a uma igreja, certo?

Pois bem. Nunca mais voltei ao charlatão. Optei por uma terapeuta em uma cidade vizinha, que mais parecia minha mãe. Uma senhora de uns 50 anos, que, ao invés, de agir como uma profissional, agia como alguém da minha família. Ah, além disso, ficava brava e exaltada quando eu fazia algo que não a agradasse. Louco, não?

Depois disso, passei por mais um ou dois profissionais. Gostava das sessões, mas não via grandes mudanças. Acredito que não havia achado o profissional certo. Ou, talvez porque ainda não estivesse madura o suficiente para entender a importância de uma boa terapia. Hoje, após quase três anos de análise, posso dizer que a mudança é constante. A cada sessão, uma descoberta. Um investimento alto, porém necessário. Sobretudo, um investimento em você.

O horário da análise é sagrado. O divã me acolhe como se me desse um abraço. Reconheço o cheiro da sala, logo quando o elevador alcança o terceiro andar. Lá dentro, não há tabus. Não há temas reprimidos. Muito menos regras. Fala-se do que quiser, como quiser. Associação livre e completa. Saio renovada. Em alguns dias, a intensidade de uma sessão é tão forte a ponto de sair meio atordoada. Inspiro. Expiro. Sigo.

Na próxima semana e nas outras que seguirão, tenho encontro marcado comigo. No mesmo lugar, no mesmo horário.

Aguardo ansiosamente.


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6 Comentários

  1. Isadora says

    Isa, amei!

    Aos 4 anos comecei a fazer terapia porque tinha pavor de chuva (ainda não sou muito fã, mas na época eu não deixava nem meus pais saírem de casa!).

    Depois aos 11 perdi uma amiga muito próxima vítima de atropelamento, aí meus pais acharam que era melhor eu ter um acompanhamento durante a fase de aceitação.

    Aos 19, voltei por conta própria mas a profissional era conhecida dos meus pais e eu me senti limitada. Agora faço há 2 anos e meio na linha da psicanálise e a mudança é nítida! Me sinto exatamente como você.
    Meu horário de terapia é sagrado.

    Beijos

  2. Maíra says

    Parabéns Isa, está tudo muito lindo e os textos são maravilhosos.

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