Conserte ao invés de descartar
É por causa da toalha molhada em cima da cama. Da preferência dele por séries, enquanto você não dispensa os filmes. Por causa do signo e, claro, do ascendente que não combinam em nada com o seu, de acordo com o zodíaco. Afinal, ele tem milhões de defeitinhos, não é? Ele é muito real, diante de tamanha ilusão de perfeição. E aí, você descarta. Decide abandonar, já que é muito difícil lidar com tantas diferenças.
Sim, a realidade é que aprendemos a desistir fácil. A encontrar pequenos detalhes e transformá-los em grandes problemas. Buscamos a perfeição e aí, na impossibilidade dela, descartamos. O próximo virá. Se não der o próximo, o seguinte. E assim por diante. Queremos a perfeição e não aceitamos nada que fuja disso. Aí, ao invés de consertamos as “rachaduras” de um relacionamento, terminamos por quebrá-lo de vez.
Com as outras questões da vida, as coisas funcionam um pouco diferentes. Por exemplo, se o nosso celular estraga, jamais pensamos em jogá-lo fora de imediato. Tentamos assistência técnica, tutorial no Google, até a ajuda de um amigo expert em tecnologia. Só depois de esgotadas todas as tentativas, é que desistimos. Descartamos apenas quando não há mais nada a ser feito.
No entanto, nos relacionamentos, qualquer diferença é sinônimo de atrito. Qualquer coisa que não esteja funcionando bem, não parece ser passível de correção. Melhor “jogar fora”, já que, logo outros virão. Somos covardes. Preferimos deixar ir ao invés de consertar. Ou, pelo menos, de tentar consertar. Perdemos grandes amores por fraqueza. Por preguiça. Por tolice.
É claro que alguns problemas, por mais que tentamos, jamais serão consertados. Indiferença, descaso e mentira são alguns exemplos disso. Nesses casos, a melhor saída para manter o amor próprio é deixar ir. Contudo, passamos a desistir nos primeiros e nos mais simples obstáculos. Ao invés de ajustarmos o que pode realmente ser ajustado, abandonamos a caminhada. Não só não consertamos as rachaduras, mas pegamos o primeiro martelo e fazemos questão de quebrar tudo o que foi construído.
Aí fica difícil juntar tanto fragmento. Fica ainda mais doloroso tentar reconstruir depois que abandonarmos tudo por uma simples rachadura. Outros relacionamentos virão, sim. Talvez melhores ou piores. Porém, nenhum deles resistirá à nossa fraqueza de lutar. O padrão conto de fadas não existe. Lidamos com e amamos pessoas reais e é exatamente por isso que algumas rachaduras se consertam. Por vezes, apenas com um simples diálogo, um olhar atento e uma pitada de compreensão.
A solução, talvez, não esteja no abandono.
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O amor está nas pequenas coisas. Leia aqui.
Belas palavras. Parabéns!
Que bom que gostou, Priscila!
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Beijo grande <3
Bela reflexão, querida Isadora! Só atenção ao título, não fez uso do “ao invés de” no lugar correto! Prof. Cristina
Oi Cristina,
Obrigada pela sugestão. A expressão “ao invés de” significa “ao contrário de”, certo?
Foi esse o sentido que quis dar ao título 🙂
Beijo grande e continue acompanhando o blog!
Volte a gramática! As palavras tem de fato serem contrárias, por exemplo, subir ao invés de descer ou conserte ao invés de estragar; não no sentido que quer dar! Enfim, uma questão boba dessas não vai apagar a reflexão do seu texto, foi só um toque para se preocupar no futuro! Desculpe-me, agora que vi, você é a Isabela! Adorei o blog! Prof. Cristina
Ah, então me desculpe, tem que ser literalmente contrárias, agora entendi!
E pode me corrigir sempre que precisar, viu? Te agradeço mesmo, sou jornalista, mas algumas coisas passam mesmo né?
Sou humana também hahaha
Fico muito feliz que tenha gostado! beijo grande 🙂