Eu tenho. Pode parecer estranho, mas a felicidade, muitas vezes, vem acompanhada do medo. E não me refiro ao medo de abraçar o que nos faz bem, de ir atrás dos que sonhamos, mas sim, ao receio de que aquilo que nos faz bem está prestes a acabar ou que tem data de validade próxima.

É a velha sensação de: “está tudo indo bem, mas quando vai dar errado?”. É um sentimento de não merecer a felicidade, de ela ser algo passageiro e que, em breve, desmoronará. Quando estamos apaixonados e felizes, começamos a temer a perda da pessoa amada. Quando temos um emprego que nos dá prazer, temos medo de a empresa falir, de sermos substituídos por outra pessoa. Quando tudo segue em calmaria, damos um jeito de ativar a turbulência.

A felicidade nos causa medo, porque traz junto dela a ameaça. Estar bem, estar em paz consigo mesmo nos assusta, já que estamos acostumados a esperar sempre pelo pior. Em algumas pessoas, esse medo está à flor da pele. Em outros, esconde-se sob outros sentimentos e se manifesta de forma inconsciente. No entanto, ninguém está livre da sensação secreta de um desastre a qualquer momento.

Para driblar o medo, nada como vivenciar a felicidade ao extremo. Apesar do medo, apesar da possibilidade real de tudo desmoronar em determinado momento. Como diz o sábio escritor e jornalista Ivan Martins, a gente se acostuma com tudo, até com a sensação de felicidade. No início, ela nos apavora e desperta todos os medos e pressentimentos. Com o tempo, enfim, a gente relaxa e a maldita sensação de precariedade enfraquece.

Por isso, é preciso darmos a devida chance à sensação de felicidade. Aproveitar esse sentimento, por mais que achemos não merecê-lo por algum motivo. Além disso, tratar em análise ou com nós mesmos porque praticamos a auto sabotagem, porque não nos achamos merecedores de algo que, na maioria das vezes, nós mesmos conquistamos, por mérito nosso. A felicidade pode não estar presente para sempre, mas é ela que traz leveza ao nosso dia a dia. Saiba aproveitá-la!

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Na calmaria, a descoberta. Leia aqui.