São nas rachaduras de um coração que a luz entra
Sabe aquele ditado de que a luz só entra pela rachadura? Pois é. Ele também se aplica ao coração. Quando um coração se parte, por uma decepção, por uma tristeza ou por uma situação que foge ao controle, é ali que temos a luz para novos recomeços. Infelizmente (ou felizmente), é na dor de um coração partido que encontramos a saída.
E aqui não pretendo louvar os corações partidos ou enaltecer a dor. No entanto, em algum momento da vida, algumas rachaduras vão ocorrer, que chegam, até mesmo, a nos partir ao meio. E é ali despedaçados, sem qualquer perspectiva, que encontramos, sem querer, a forma de juntar os cacos e de se recompor.
Por meio das rachaduras de um coração partido, a luz entra. Nos aquecendo, nos apontando caminhos, nos tirando da escuridão. Passamos então a dar valor aos tropeços e às quedas que a vida nos impõe. Se o coração nunca tivesse se partido, talvez nunca teríamos a chance de enxergar a luz a partir dos fragmentos.
Uma luz que traz recomeço, que traz força, que traz esperança. Por mais que doa, por mais que traga sofrimento, saímos mais fortes e resilientes depois de um coração partido. Prontos a reconstruí-lo e, depois de um tempo, prontos a entregá-lo a outro coração, mesmo que ele se parta novamente.
Quem tem medo de se despedaçar, vive a evitar o amor. E o amor, por mais que tentemos evitar, ora nos reconstrói, ora nos destrói. É a vida. A cada nova experiência, nos partindo e, ao mesmo tempo, nos reconstruindo, num ciclo constante de tristezas e alegrias. Talvez a graça esteja aí.
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O coração não é de mocinha. Leia aqui.