Nossos corações são casas. Dessas que estão sempre abertas para boas visitas, para correspondências que alegram, para um pedaço de bolo do vizinho. Aqueles que deixamos entrar, deixam também um pouco deles em nós. Quando uma visita vai embora, mas ainda assim deixa o cheiro do perfume pelos cômodos da casa, um grande amor também parte e deixa resquícios em nossa casa-coração.

Ao deixarmos entrar más energias, ficaremos contagiadas por elas, mesmo que o outro nos deixe. A personalidade, o jeito, as qualidades e os defeitos do outro se alojam no coração. Fazem morada e demoram um bocadinho para se mudarem. Após a partida de alguém, precisamos de um tempo para fazer aquela faxina no coração e o preparar para as próximas visitas ou os próximos amores.

Por isso, por mais que pessoas deixem nossa casa-coração, elas sempre modificam um pouco de nós. Daí a importância de escolher com cuidado e delicadeza todos os visitantes ou futuros moradores de um coração. Há de se ter critério, há de se evitar ciladas, há de não se confundir carência com amor.

Amor é também escolha, é também dizer não para o que fere o amor-próprio. Amor é deixar entrar quem realmente mostra que merece. Já que vamos mostrar a nossa casa, desnudar a nossa intimidade, que seja para os bons. Claro que podemos quebrar a cara no meio do caminho. Achamos que era uma boa visita, mas no fundo, era só um parente disfarçado de família, que chega para filar a bóia, rs.

No entanto, boas escolhas pressupõem bons resultados. Ao escolhermos quem entra com cautela, saberemos manter o coração em bom estado na partida. Coração é casa e é preciso cuidá-lo com zelo e dedicação. Ao entrarem, peçam licença e apertem a campainha. Ao saírem, deixem apenas o que foi bom. O coração agradece.

–

Leia também: O coração não é de mocinha. Clique aqui.