Quem tem medo de mudança?
Sempre fui resistente às mudanças. Quando eu era criança, minha mãe decidiu trocar o sofá da sala. Quando me deparei com o sofá novo, senti uma enorme sensação de desajuste, de não pertencimento. Afinal, o sofá antigo era o meu abrigo e conforto para os dias de pijama, filmes ou um bom livro, enquanto estivesse deitada sobre ele. Demorou uns dias para que eu me acostumasse com o sofá novo. E demorou mais ainda para que eu entendesse todas as outras mudanças da vida.
Mudar, definitivamente, não é o meu forte. Seja de sofá, de casa, de trabalho ou de relacionamento. Prefiro o conhecido, o comum, o que já me traz segurança, mesmo que o velho não seja o sofá ideal de que preciso ou o tipo de relacionamento que tanto almejo. Tenho medo do novo. Mais do que isso, tenho medo de não poder controlar o novo.
O medo das mudanças tem total relação com o medo do descontrole. Eu, que sempre fui de controlar tudo e de querer que tudo saia dentro do programado, temo que o novo saia ao meu controle. Quando controlo a forma com que as coisas fluem, me sinto mais segura. E é no velho, no antigo, no conhecido, que, já sabendo tudo o que pode acontecer, já conhecendo a fundo, tenho mais possibilidade de controle.
E aqui me refiro ao controle sobre o fluxo da vida, sobre meus sentimentos, minhas reações, meu envolvimento. Refere-se muito mais a um autocontrole do que o controle sobre outra pessoa. Preciso estar ciente do que vou sentir, de como vou lidar diante de um problema, preciso conhecer de tudo e sobre tudo. E o novo, nem sempre, me permite tal controle. Mudar é risco, é tiro no escuro, é fuga da zona de conforto.
Mas, por mais que o novo assuste justamente pela falta de controlá-lo, ele me ensina, sobretudo, que a vida é uma eterna falta de controle. E talvez, a graça esteja exatamente aí. Quando abro mão da resistência, de programar tudo e de ir contra às mudanças, a vida me surpreende. Mostra um caminho que eu sequer achava possível.
Quem sabe a vida me mostre, com o tempo, o que mostrou com o sofá novo da minha mãe: hoje é o meu canto preferido da sala, um sofá muito mais aconchegante e confortável do que o antigo. Afinal, o novo também pode se tornar o conhecido.
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O lado racional entende que mudanças devem acontecer, que serão sempre uma oportunidade de conhecimento e aprendizado, mas o lado emocional sempre fica aflito e começa a criar as mais mirabolantes paranoias, risos
Exato! E como lidar com essa questão razão X emoção?
Difícil, né! haha