Não foi culpa do signo
Sempre acreditei muito em astrologia. Na adolescência, os horóscopos das revistinhas já me atraíam. Já queria saber qual signo combinava com o meu, uma boa e legítima capricorniana, com ascendente em aquário. Ao contrário do que possa parecer, frieza e objetividade passam longe por aqui. Mas aí, a vida nos faz trombar com o gênio difícil dos arianos. Ou, o ego gigante dos leoninos. E, até mesmo, a bipolaridade de gêmeos. Infelizmente, os caminhos não se cruzam apenas com os pares perfeitos do nosso mapa astral.
Se eu só me envolvesse com cancerianos, por exemplo, a vida seria quase um conto de fadas. Dois intensos e discretos em uma mesma relação. Seria perfeito, não? Só que a vida, em todas as suas nuances, nada tem de perfeita. A gente esbarra em todos os signos do zodíaco e, por incrível que pareça, pode haver algumas surpresas nisso. Boas ou ruins, isso é fato.
No entanto, nem sempre a culpa é do signo. A gente acaba generalizando. É claro que eu, como uma boa adepta da astrologia, acredito (e muito!) na influência dos astros sobre a personalidade de cada um. Contudo, há outras questões que definem um ser humano. Ele pode ser ariano e, ainda assim, um cara legal. Ela pode ser taurina e, nem sempre, tão teimosa. Assim como eu, uma capricorniana, mas nada fria como dizem por aí.
Mau caráter não pode ser definido pelo signo. Princípios também não. Há certas questões que dependem de estrutura psíquica, de criação e, mais do que isso, de bom coração. Há pessoas que, simplesmente, podem ter o signo mais bondoso do zodíaco, mas não conseguem se colocar, em nenhum momento, no lugar do outro. Não conseguem se relacionar, pois vivem à base de mentiras. Têm prazer em enganar e, isso, felizmente, não depende da posição dos astros.
A astrologia não pode ser responsabilizada por tudo que acontece. Pelo fim do relacionamento, pela decepção com um amigo, por tudo que dá errado ou certo na sua vida. É claro que vale a pena ficar atenta às previsões da semana. Todo domingo, eu faço questão de olhar o horóscopo semanal, assim como todo começo de mês. No entanto, não deixo de conhecer novas pessoas ou viver uma situação por causa do meu inferno astral. Ou porque um “satanáries” acaba de cruzar a minha vida.
O dia a dia não possui manual. Relacionamentos não têm receita. Ou você vive ou vive. Apesar das expectativas e mesmo com as possíveis consequências. Não há nada que te prive disso. Nem a mais certeira das previsões astrológicas, a melhor das cartas de tarô ou o “pica” dos astrólogos.
Por isso, viva. O resto, você lida depois.
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Ninguém disse que seria fácil. Leia aqui.