Amor e rotina andam lado a lado
Dizem que a rotina é a pior inimiga de um relacionamento. A regra parece clara: só o início é prazeroso. Depois, chegam os problemas, conhecem-se os defeitos, o encanto se perde. Na rotina, dizem por aí, o amor tende a virar amizade ou, às vezes, nem isso mais. Por isso, tantos temem o casamento ou um vínculo mais duradouro.
Eu discordo de todos esses clichês quanto à rotina e relacionamentos. Se o encanto se dá no início de uma relação, é ao decorrer dela que ele se fortalece. Se a paixão surge de imediato, é com a rotina que o amor se estabelece. Se admiramos as qualidades do outro, é com a rotina que acolhemos os defeitos. Amor e rotina andam lado a lado, sem exclusão de nenhuma das partes.
Amor é a forma com que ele (a) mexe no seu cabelo, mesmo dando leves puxadinhas ao desembaraçar seus nós. Amor é quando ele (a) esquece a toalha após o banho e só tem você para salvá-lo. Amor é admirar o outro enquanto ele (a) se veste para o trabalho. Amor é apertar a base da pasta de dente, porque sabe que o outro detesta que se aperte no começo.
Amor é cuidado, é colo, é afago. Amor é atenção, é observação. E isso só é possível com o dia a dia, com tempo de relacionamento, com a rotina. É a partir dela que desnudamos o outro por completo. E aqui, me refiro a enxergar o outro nu e cru, sem máscaras ou filtros. Enxergar o que é real e, nem por isso, menos belo.
Quando o amor se manifesta e, mais do que isso, quando permanece, é porque encontramos, na rotina, pequenas alegrias diárias. Ela não é inimiga do amor, pelo contrário, é uma das razões para que ele se fortaleça. Amor e rotina andam lado a lado. Se você teme o que dizem por aí sobre a rotina, é porque também teme o amor. Amar por inteiro, às vezes, causa medo. Entregue-se ao amor. Entregue-se à rotina.
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