Amor em tempos de quarentena

E como fica o amor nos tempos de isolamento? Resistiremos à falta do toque, do contato, dos beijos e abraços? A famosa frase de Tom Jobim de que “é impossível ser feliz sozinho”, nunca fez tanto sentido. Mesmo os adeptos dos momentos de solitude, estão sentindo drasticamente os efeitos da solidão.

Para quem está solteiro, o que restam são as conversas online e os aplicativos de relacionamento, que receberam um crescimento de quase 20% de adeptos nessa época, segundo o Estado de Minas. Mas, engana-se quem pensa que para os casados ou os namoridos, a situação é mais fácil.

Conviver 24 horas por dia com o grande amor nem sempre é como nos filmes de comédia romântica. Ainda mais em uma situação de pandemia, em que os nervos estão à flor-da-pele. Qualquer faísca pode virar um incêndio, já que, mesmo grandes e arrebatadores amores precisam de espaço. Precisam do mínimo de individualidade.

Ainda não sabemos os rumos pós-coronavírus. Uns apostam que os divórcios vão aumentar. Outros, que os casamentos vão explodir. Afinal, quem resiste a um flerte na quarentena, tem boas chances de chegar até ao altar. Eu, como trabalho com casamentos, prefiro ser otimista e pensar que sim, o amor vai resistir.

Mesmo sem os beijos, sem o toque, sem a leveza dos apaixonados, diante de um cenário caótico. Acredito que algum aprendizado tiraremos disso tudo. Para os solteiros, há que se aprender a lidar com a carência, a fiel escudeira nesse momento. Há que se ocupar de autoconhecimento, por mais doloroso que isso possa ser.

Para os comprometidos, há que se aprender a reconhecer o amor real. O amor que tem louça na pia para lavar, que precisa tolerar o barulho alto da televisão que o outro assiste, que, nem sempre, tem nos grandes feitos a sua beleza. É o amor pelo simples, pelo cotidiano, mesmo em dias difíceis.

Se o coronavírus pode atingir em cheio nosso sistema respiratório, pode e deve também mudar a nossa visão. O nosso olhar sobre as pequenas coisas, sobre o que realmente vale a pena em dias de luta. Assim, saberemos reconhecer, com ainda mais gratidão, os dias de glória.

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