A difícil arte de desistir

É preciso desistir.

Deixar ir, abandonar, partir para outra. Quando os planos não saem como o esperado, quando a felicidade já não se faz presente, quando não há forças para continuar. Desistir é uma arte. Poucos tem o dom e a coragem de assumir.

No entanto, em um mundo de cobranças e perfeições, desistência parece ser sinônimo de fraqueza. “Ah, não aguentou”, “não deu conta”, “sucumbiu”. É preciso manter-se forte e inabalável. Aguentar firme o trabalho que não te faz feliz. Lutar por um relacionamento que já acabou há muito tempo. Formar-se em um curso que não tem nada a ver contigo. Mas não, queridos. Nós sucumbimos. Não demos conta. Partimos para outra. Em busca da felicidade, da paz de espírito e do bem-estar.

Estou nessa. Desisti e continuarei desistindo, se for preciso. Quando me questionam sobre a maluquice de ter deixado a cidade maravilhosa, por exemplo, eu digo claro e abertamente: desisti. Do meu sonho. Do trabalho maravilhoso que tinha por lá. Dos meus amigos. Da felicidade de morar a poucos metros da praia. Do calor o ano todo. Da casa de vila. Do status no Facebook ‘mora no Rio de Janeiro’. Voltei e poucas pessoas entendem isso. Afinal, poucas me conhecem tão bem a ponto de reconhecer que desistir foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.

Desisti para recomeçar. Para estar com o coração tranquilo e em paz. Para ajudar o meu pai, à medida que sua consciência assemelha-se à de uma criança de cinco anos. Para compartilhar dos cafés da tarde e das histórias magníficas do meu avô de 90 anos. Para ganhar menos, porém, para gastar com o necessário. Para ter a liberdade de sair de casa 07h50 e estar às 8h no trabalho. Para poder almoçar e dar um cochilo de meia horinha. Para ter minhas cachorras no meu colo, todos os finais de semana.

Descobri que é possível ser feliz após uma desistência, seja ela qual for. Que as coisas se ajeitam aos poucos e lentamente, mas o importante é que elas sempre se ajeitam. Para uma capricorniana exigente e perfeccionista, desistir foi um ato de coragem. Coragem de nadar contra a corrente, simplesmente para dar ouvidos ao coração. E, por mais que a razão se sobressaia, o coração nunca está errado. Ele grita, chora e faz de tudo para chamar sua atenção. Ele quer ser ouvido. Quer te mostrar que é possível segui-lo.

Cabe a você escutá-lo ou não. Experiência própria: ele sabe o que te faz feliz.

Seja forte. Desista!


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7 Comentários

  1. Ilka says

    Suas palavras foi muito bem colocadas ,acredito que muitas pessoas tem medo desistir de algo pelo simples fato de tenta agrada o outro.
    Seu texto parecer muito com minha historia.

  2. Adriana says

    Amo, em especial, esse teu texto Isabela.

    1. Isabela Nicastro says

      Que bom Drii!
      Tb gosto bastante dele!

      Muito obrigada pelo comentário. Continue sempre por aqui <3
      beijo grande

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