Seja coerente com o não que você dá

Eu nunca me conformei com um não. Desde criança, o “não” era a resposta que mais me deixava triste e indignada. E aí vocês podem pensar que eu era uma menina mimada, que queria sempre que minhas vontades prevalecessem. No entanto, o motivo de eu odiar essa palavra monossilábica não era apenas pelo fato de não poder fazer o que eu queria, mas sim, porque, ao receber um não, ele raramente vinha acompanhado de uma justificativa plausível.

Independente das perguntas, a resposta era sempre não, acompanhada de um “porque não”. A justificativa para as negativas era uma nova negação, repleta de incerteza e insignificância. Afinal, “porque não” é resposta? Para mim, nunca foi. E eu tentava de todas as maneiras descobrir a real justificativa por trás dessa resposta automática. Ninguém pode justificar qualquer sentimento que seja, com um “porque não” ou um “porque sim”.

Há sempre outras respostas envolvidas. A questão é: como descobri-las? Nem sempre é possível convencer o outro a ser sincero. Eu até podia convencer a minha mãe a dizer o real motivo de eu não poder ir a um show, por exemplo. Afinal, no fundo, ela se importava com a minha reação após um “porque não” injustificado. No entanto, nem todas as pessoas são como a minha mãe, infelizmente. Algumas realmente não se importam se você precisa de justificativas. É triste, mas você não consegue obrigar ninguém a te dar respostas convincentes, seja elas quais forem.

As pessoas simplesmente dizem não e basta. Na maioria das vezes, nem dizem. Deixam subtendido e você é obrigado a entender. Geram um cenário de dúvida e incerteza, o que causa ainda mais indignação. Se é não, diga. Deixe claro e elimine qualquer dúvida que possa existir sobre a sua decisão. Depois de dito, justifique. É o mínimo que você pode fazer a outra pessoa. Se você é daquele que não sabe bem o porquê do não, deixe claro isso também. Ninguém é obrigado a saber sempre porque age de um jeito ou de outro. Muitas ações são injustificáveis, no entanto, todas merecem atenção.

Seja coerente com o não que você dá. Não restrinja uma palavra repleta de significado a um simples “porque não”. A vida nos dá constantes nãos e, na maioria das vezes, sem ao menos justificá-los. Por isso, minimize o poder deles: justifique-os. Já que ninguém gosta da negação, quando for negar, assuma. Respeite o outro e aja da mesma forma que gostaria que agissem com você. É a premissa básica. Já dizia minha mãe, ao justificar, cuidadosamente, cada não me oferecido na infância…

Ela diz basta! Antes que precise pedir socorro. Leia aqui.


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2 Comentários

  1. Paulo says

    Isso agora pra mim, vai ser regra de vida. Obrigado!

    1. Isabela Nicastro says

      Paulo,

      Obrigada pelo seu comentário. Fico feliz que tenha te inspirado de alguma forma os textos!

      Volte sempre ao blog!

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