Existe vida após um relacionamento abusivo?
Por mais difícil que pareça, sim, existe.
Continuo trabalhando, saindo com os amigos, me divertindo. A rotina de sempre. Não me falta pedaço algum. Estou inteira e completa. Surpreendente não? Para mim, que acreditava não suportar a queda e que achava ter que conviver com a dor por muito tempo, estou até me saindo bem.
A dor passou rápido. Foi intensa e desgastante, mas, de repente, sumiu. Ela desapareceu quando enxerguei com clareza a situação, sem enganar a mim mesma com ilusões. Quando eu percebi que não aceito mais migalhas. Não aceito fragmentos de um amor que, na realidade, nunca foi amor. Afinal, seria um desrespeito enorme chamar o que tinha de amor.
Não aceito mais falsas promessas. Compromissos fracassados. Críticas sobre o meu jeito, que me faziam sentir realmente a pior pessoa do mundo. Não aceito que me chamem de louca, quando peço por atenção. Não aceito que critiquem a minha família, apenas porque eles tem implicância com o meu relacionamento. Pensando bem, nunca foi implicância. Sempre foi cuidado e amor. Eles podiam enxergar o que eu insistia em não ver.
É claro que a gente não pode ver. O outro tem todos os argumentos do mundo quando questionamos algo. Aliás, no meu caso, quando eu me magoava pelo jeito com que me tratava, as desculpas eram infinitas. As declarações de amor, claramente da boca para fora, eram inúmeras. No dia em que sumiu por quase 24 horas, para evitar desconfianças, ele simplesmente apareceu com um presente em comemoração ao nosso aniversário de namoro. Eu amava. Muito. Por isso, cedia, reconsiderava, dava uma segunda chance. Uma terceira. E uma quarta…enfim, foram inúmeras.
E quando eu realmente me dei conta, achei que não suportaria. Como você também achou que não suportaria. Que, diante de tanta humilhação, sucumbiria à fraqueza e ao desânimo. Mas aí a vida vem e te dá uma tapa na cara, como quem diz: acorda, menina! Você é maior do que tudo isso. Mostra aquele sorriso de covinhas que contagia. Ri gostoso até chorar. Lava esse cabelo, coloca a melhor roupa e sai para tomar um sorvete. Chama os amigos para ver filme e para te dar os abraços mais calorosos do mundo. Fica de pijama ao lado dos seus pais, no sofá, recebendo aquele colo delicioso. Olha só, como você tem tudo para ser feliz!
A dor fica em segundo plano. E aí, quando você menos espera, ela já saiu do segundo para um plano do além. E a gente redescobre como era feliz sozinha. Ao lado das pessoas que realmente estavam e continuam ao nosso lado. Descobre a felicidade nos pequenos e simples gestos do cotidiano. Descobre que está viva. Ainda mais do que antes. Mais intensa, mais sábia e mais cautelosa.
E ufa, havia de fato sobrevivido. Agora vai, você aí do outro lado da tela. Não importa o que tenha acontecido antes, junta os seus cacos e se refaz! Ressurge do pó, para com orgulho dizer: eu sobrevivi.
Que texto maravilhoso!
Que bom que gostou, Carol!
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Nossa, simplesmente descreveu certos momentos e já deixou dicas de como erguer a cabeça e seguir… Primeira vez que estou lendo um post desse blog, e já estou ansiosa pra ler mais… Super beijo Isa ?
Paulinha, que bom que você gostou e que tenha te ajudado de alguma forma!
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Beijo grande 🙂