Poupe-me da sua indiferença

Já está na hora de você descer, não? Ou então, se optar por permanecer aí em cima, assuma a posição. Até para ficar em cima do muro, é preciso “bancar”. Porque, olha, gente indiferente é chato demais. Gente que não sabe se vai ou se fica. Gente que se acomoda com o que está acontecendo, afinal, não está bom, mas também não está ruim. Gente que diz não ter opinião formada sobre um assunto qualquer. Gente sonsa demais, diplomática demais, gente que não é gente como a gente.

Não tem como viver entre dois lados sobre absolutamente tudo na vida. É impossível morar em cima do muro. Você até pode passar um tempo por lá, mas em algum momento, você irá sentir falta da cama quentinha, do cheiro de café que vem da cozinha, do banho quente. Em algum momento, a vida pedirá que você viva de fato. E, para isso, é preciso decidir. É preciso escolher um dos lados ou então, escolher os dois e assumir isso.

Meu pai sabe bem disso. Diante de uma mesa farta de café da tarde, na hora de escolher entre o pão com margarina e o pão com geleia, ele sofre um bocado. E aí, diante da pouca razão que lhe sobra por conta da doença neurodegenerativa, ele coloca primeiro uma camada de margarina e, então, joga a geleia por cima. Escolhe as duas opções, já que não consegue se decidir apenas por uma.

No entanto, a grande diferença entre meu pai e gente indiferente é que gente indiferente não sabe, ao menos, bancar a própria indiferença e, sobretudo, a indecisão. Não conseguem optar por geleia ou margarina ou então pelas duas, porque, no fundo, não conseguem identificar a real diferença entre elas. A questão não é decidir entre várias opções, mas sim, posicionar-se, independente da direção. É preciso se descobrir para então decidir.

Não dá pra estar nessa vida apenas de passagem. Escolhas precisam ser feitas, por mais difíceis e dolorosas que elas sejam. Haverá sempre dois caminhos, dois pesos e duas medidas. Diante de tamanha dualidade, é impossível ficar indiferente. Quer dizer, possível é, mas você entrará para o time das pessoas indiferentes. E, me desculpem, mas indiferença é chato demais.

Poupe-me, vai.

O teu perdido ajudou a me encontrar. Leia aqui.

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2 Comentários

  1. valter spadao says

    esta indiferença sempre vai ter o que não pode é ficar em cima do murro

  2. Claudio says

    Li agora “Poupe-me da sua indiferenca”.
    Este é um sentimento reação, acho que posso assim dizer.
    E faz parte de um possível caminho da vida!

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