Eu não quero ser uma princesa
Esses dias, lendo uma matéria sobre a tal Escola de Princesas, descobri o que boa parte da sociedade ainda espera das mulheres. Lá as meninas aprendem a arrumar a cama, a se portar diante de uma mesa de jantar e a se apresentar como uma verdadeira princesa. Algumas ainda ensinam a virgindade como regra e como atrativo para as alunas. A intenção é ensinar meninas a serem submissas, contidas e o principal: agradar futuros príncipes.
Definitivamente, eu dispenso as coroas oferecidas pelas tais escolas. Jamais matricularia uma filha minha em um lugar desse. Não aceito que mulheres sejam espécies de pequenos pedestais, disponíveis para as vontades de seu príncipe. Moldadas a regras de delicadeza, de etiqueta e de bom comportamento. Enclausuradas em ideias de como deveriam agir para serem aceitas.
Fico imaginando o que serão das tais princesas quando os príncipes se enjoarem delas. Porque, de fato, ele irão enjoar. Vão moldá-las do jeito que eles bem entenderem, para que, um dia, as dispensem, em busca de personalidade e de originalidade. E aí, as tais princesas serão rejeitadas, mesmo depois de cumprirem todos os protocolos que lhes foram passados.
Algumas, por medo da rejeição, vão se submeter a relacionamentos abusivos, em que os príncipes estarão mais para sapos disfarçados. Afinal, elas foram ensinadas a servir, a se anular, a atender às expectativas do outro, sejam elas quais forem. Se hoje, já nos é transferida a ideia de submissão e cordialidade, imagina se a moda da Escola das Princesas realmente pegar. Tenho um medo real de que isso aconteça.
Quando conseguimos que mais mulheres se emponderem, que gostem delas mesmas, que assumam os seus cabelos e corpos, surge uma ideologia que promete transformá-las em princesas. Parece bobagem, mas não é. É um retrocesso à liberdade e à autoestima, sobretudo. Por isso, dispenso as coroas e vestidos balonês. Fico aqui com o meu jeitinho estabanado e sem regras de etiqueta, que tem muito mais de plebeia do que princesa.
E olha, não há nada a se reclamar. Ainda bem.
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A gente pode ser boa o suficiente. Leia aqui.