É preciso dar à ferida apenas a atenção que ela merece
Quem nunca ralou os joelhos quando criança?
Eu.
Sim, não me lembro de ter ralado uma única vez. Sempre fui uma criança cuidadosa e responsável. Gostava de brincar, mas preferia estar no meio dos adultos, ouvindo as histórias e tentando entendê-las. Podemos dizer que fui uma criança com maturidade demais para minha idade. Não que isso tenha sido ruim, mas o contato maior com os adultos e seus assuntos fizeram com que o entendimento e as preocupações começassem cedo.
Além de cuidar da minha irmã mais nova, eu sabia me cuidar muito bem. Não é toa que meus joelhos estavam sempre intactos, enquanto os dela, sempre ralados. E hoje, passada a infância e a adolescência, vejo que eu devia ter ralado mais os meus joelhos. Devia ter Band-aid e Merthiolate como meus melhores amigos. Seria doloroso, eu sei, mas, com certeza, eu saberia lidar melhor com as “ralações” da vida adulta.
Quando um joelho é ralado, ele leva um tempo considerável para voltar ao seu estado normal. Em algumas semanas, cria-se uma casquinha que envolve a ferida, antes exposta. É um sinal claro de que há uma melhora. No entanto, se você, por descuido ou por vontade própria arrancar aquela casca, volta-se ao estágio inicial. A ferida sangra e leva ainda mais tempo para curar de vez. O que começava a ser curado volta a ser exposto novamente.
Não muito diferente dos joelhos, as “ralações” da vida também precisam de um tempo para serem curadas. Principalmente quando envolve relacionamentos. E elas também pioram caso você as toque ou insista em tirar a casquinha que as cobre. No entanto, as pessoas parecem gostar de expor as feridas ou, mais claramente, a mexer no que está quieto e começando a melhorar.
Você insiste em stalkear as redes sociais do boy que já é passado. Insiste em continuar falando com o ex, na tentativa de mudar alguma situação. Gosta de saber onde o outro vai, com quem sai, o que faz. Insiste em conversar com quem não está nem aí para você. Alimenta a ferida e ainda se agarra a ela. Mesmo inconscientemente, você faz questão de que ela continue sangrando. Sinto dizer, mas, desse jeito, a ferida não irá melhorar nunca.
Muitas vezes ela não melhora porque você, assim como eu, não sabe muito bem como lidar com ela. Por isso, queria ter ralado mais os joelhos quando criança. Depois das experiências, com certeza, saberíamos lidar melhor com as futuras quedas. É preciso que a ferida receba apenas a atenção que merece. Ou seja, ao invés de continuar arrancando a casca, é preciso passar pomada e esperar que ela se cure sozinha.
E, para isso, o tempo é o único responsável. Ele só precisa da sua ajuda para poder agir. A parte dele, ele fará, eu garanto.
–
Por vezes, pequenas feridas podem ser tsunamis. Leia mais aqui.
Gostei demais do texto! Parabéns! 😀
Que bom que você gostou, Raísa!
Volte sempre ao Sem Travas na Língua! 🙂
beijo grande!
Olá, olha eu devo te parabenizar , você escreve muito bem , adorei seus textos.
Alguns se fosse eu quem escrevesse não traduziria tão bem os meus sentimentos, fiquei feliz em conhecer esse cantinho.
Um beijo!
Lili, que bom que você gostou!
Fico muito feliz mesmo! Tudo por aqui é escrito com muito amor para vocês 🙂
Continue minha leitora fiel, ok? Conto contigo!
Beijo grande!
Amei esse texto! Por vezes ralei meus joelhos quando criança e mesmo assim ainda “descasco a ferida” no que diz respeito as relações. Mas jájá eu sei que vou aprender a deixar a pomada agir… rs.
hahaha sim, Karla!
É bem isso. Que bom que vc gostou do texto!
Continue acompanhando o Sem Travas na Língua por aqui e pelas redes sociais do blog!
beijo grande
Ralar o joelho quando criança não nos faz capazes de mexer menos na “casquinha” quando somos maiores, acredite, rs. Quem dera se os machucados de quando somos adultos fossem os mesmos de quando éramos crianças. Nem cicatriz ficava…
Isso mesmo, João Paulo!
A gente só aprende quando vive né. Então vamos viver!
E que haja uma coleção de cicatrizes, já que essas significam experiências 🙂
beijo grande!